E os cinco dias de Carnaval em Remígio? Ficaram só na promessa.

• 05/03/2025
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É curioso como, apesar das promessas de mudança, a história do Carnaval em Remígio parece se repetir. Em 2024, a campanha eleitoral trouxe uma expectativa que parecia alvissareira para os foliões da cidade: o retorno do Carnaval como antes, com mais dias de festa e valorização dos artistas locais. No entanto, a realidade da primeira festa do atual prefeito, Cláudio Regis, parece mais uma continuidade frustrante de um ciclo vicioso que, ao longo dos anos, tem marcado o retrocesso das festividades de Momo na cidade. O mesmo prefeito que, em 2007, contribuiu para a morte das festas carnavalescas, agora repete os mesmos erros, deixando os promissores cinco dias de carnaval apenas no imaginário popular.

O que se viu foi uma festa de apenas um dia, com a tradicional sexta-feira de Carnaval sendo a única atividade realmente realizada. O bloco "Vai Quem Quer", um dos maiores ícones do Carnaval local, resistiu mais uma vez como a única expressão verdadeira da festividade, mas por quanto tempo mais? Durante os últimos 25 anos, esse bloco tem sido a chama que mantém vivo o espírito carnavalesco de Remígio, mas até quando vai conseguir resistir a um governo que não se compromete com a cultura local? A ausência de ornamentação nas ruas, a baixa qualidade do som e as atrações de pouco apelo – como de forró esquecida pelo tempo – revelam um desinteresse pela festa que deveria ser a alma do município. E o semblante do prefeito, visivelmente desconfortável, diz tudo: nem ele parece acreditar no que estava acontecendo.

O ressentimento entre a população era palpável. Muitos cidadãos, indignados, apontavam o prefeito e seus aliados como responsáveis pelo fracasso da festividade, criando um clima de revanche eleitoral que não contribui para a construção de um ambiente mais democrático e participativo. A sensação de que o Carnaval foi mutilado e transformado em algo insignificante é evidente para quem esperava ver algo realmente renovado depois de tanta expectativa. Para quem imaginava que a cidade reviveria os dias de ouro do Carnaval dos anos 2000, com a energia de uma gestão preocupada com o povo e com a cultura local, ficou apenas a decepção.

E a promessa de incentivar o comércio local? Foi, no mínimo, uma piada de mau gosto. Ao invés de oferecer oportunidades para os comerciantes de Remígio, a Secretaria de Comunicação divulgou em seus meios de comunicação e através do evento que a recomendação era "comprar no comércio local durante o Carnaval", mas isso ficou apenas no discurso. Na prática, a estrutura do evento – palco, som e até mesmo a segurança – foi completamente fornecida por empresas de fora. Não houve nenhuma valorização dos artistas locais, que foram completamente esquecidos, e até os profissionais de segurança contratados para a festa eram de fora da cidade (apenas o coordenador era de Remígio). Isso demonstra um total descompasso entre as promessas de campanha, a realidade do evento e uma falta de visão sobre como fomentar a economia local.

Em um Carnaval em que as promessas não foram cumpridas, a sensação que fica é de frustração e impotência. Como diz a música do "Vai Quem Quer": "Se a gente não saísse, não havia Carnaval". Se o bloco, que simboliza a resistência e a essência do carnaval remigense, acabar, pode ter certeza de que nem a tradicional sexta-feira de Carnaval será mantida. O futuro do Carnaval em Remígio parece cada vez mais sombrio, com um governo distante das necessidades da população e da cultura local.

Quem esperava uma mudança real, que trouxesse o brilho de volta às ruas de Remígio, pode tirar o cavalinho da chuva. O que vimos foi uma continuação da negligência e da falta de compromisso com a verdadeira identidade cultural da cidade. O Carnaval, mais uma vez, ficou na promessa. E, se não houver uma mobilização verdadeira da população e das forças culturais locais, é possível que o "Vai Quem Quer" seja, em breve, a única lembrança de um tempo em que o Carnaval foi celebrado com orgulho e emoção.

Vamos ficar de olho na nota fiscal, segundo comentários, a bichinha vem recheada...